CONTEXTO HISTÓRICO
As relações políticas entre a Argélia e o Brasil são excelentes. O Brasil foi um dos primeiros países a abrir uma embaixada na Argélia em 1962. As obras do grande arquiteto brasileiro Oscar Neimeyer na Argélia também testemunham os laços de amizade entre nossos dois países.
Durante o período do regime militar, a Argélia acolheu muitos refugiados brasileiros que fugiram da perseguição do regime, incluindo o ex-governador de Pernambubo e grande figura de militância naquela época, Miguel Arraes, que morou na Argélia durante 14 anos (1965-1979).
Na década de 1980, houve uma recuperação nas relações argelino-brasileiras, que culminou em duas visitas de estado, a primeira em 1983 do Presidente brasileiro João Figueiredo, seguida de uma visita de retorno do presidente Chadli Bendjedid.
Durante este período, a assinatura de vários acordos que estabelecem o quadro legal para a cooperação bilateral deve ser destacada: Acordo de Cooperação Econômica, Comercial, Científica, Tecnológica, Técnica e Cultural (1981); Acordo que estabelece um comitê conjunto argelino-brasileiro (1981), Acordo Comercial (1981) ou o Acordo de Cooperação Econômica (1985). A primeira sessão da Grande Comissão Mista foi realizada em Argel em 1987.
No entanto, na década de 1990, as relações bilaterais foram um pouco letárgicas. Nos anos 2000, Os Presidentes Bouteflika e Lula deram um grande impulso às relações bilaterais. Os dois chefes de Estado decidiram traduzir a amizade e simpatia que unem os dois países em projetos de cooperação.
A visita do Presidente Bouteflika ao Brasil em 2005 e a visita do Presidente Lula à Argélia em 2006 iniciaram uma nova dinâmica destinada a construir um relacionamento exemplar no contexto da cooperação Sul-Sul. Várias missões técnicas, empresários, decisores políticos e autoridades foram realizadas para acompanhar as decisões tomadas pelos presidentes. Projetos de cooperação foram acordados em setores como energia, saúde, agricultura, artesanato, recursos hídricos, entre outros.
Além disso, os dois países possuem muitas convergências de pontos de vista sobre as questões regionais e internacionais. Eles defendem conjuntamente o diálogo político como meio de resolução de conflitos em vez de intervenções estrangeiras.
As consultas políticas bilaterais são organizadas periodicamente, no âmbito de um Mecanismo de Diálogo Estratégico. Também, as visitas realizadas a ambas as partes testemunham a excelência destas relações, bem como o seu dinamismo. A quinta sessão de consultas políticas aconteceu, por videoconferência, em março de 2021.
Além das áreas cobertas pela comissão mista, a cooperação bilateral também inclui dois aspectos cujo papel não deve ser negligenciado. São os encontros de empresários, o último dos quais data de 2018 em Argel. Os grupos parlamentares de amizade de ambas as câmaras também estão ajudando a consolidar as relações bilaterais.
Finalmente, precisamos mencionar que os laços que unem nossos dois povos são bem antigos e datam de bem antes da Independência da Argélia em 1962. De fato, é desde a época da “Regência de Argel” ou do reinado de Emir Abdelkader, grande figura argelina, que laços diplomáticos, humanos e sociais ligam os dois países. Neste contexto, precisamos lembrar a existência de trocas de cartas, fotos ou documentos entre Emir Abdel Kader e o Imperador do Brasil.